10/11/2016

Saúde: Fim de ano aumenta crises de depressão e ansiedade

Psiquiatra Antônio Viola comenta sobre os gatilhos para esses problemas na época do Ano Novo e Natal

Antonio Viola

Quando o clima natalino se aproxima e o ano entra na reta final, as pessoas fazem um balanço das metas alcançadas e o confronto entre expectativa e realidade pode dar aquele aperto no peito. Se esse desconforto gerar sintomas mais graves, pode ser a hora de buscar ajuda profissional. O psiquiatra e psicanalista Antônio Viola (www.drantonioviola.com) tira dúvidas sobre a “crise de fim de ano”:

1.      Por que o fim do ano gera mais ansiedade e depressão?

Dr. Antônio Viola: A ansiedade e a depressão, na verdade, podem ocorrer o ano todo. Porém, existem mais gatilhos no fim do ano. Aumenta muito o movimento no consultório no último trimestre, principalmente por ser um período de reflexão, quando ocorre uma idealização das relações. Todos se deparam com objetivos não concretizados e, ao fazer um balanço do ano e projetar planos, aumenta a ansiedade. A época também intensifica o convívio com familiares, o que traz à tona conflitos do passado.

2.      O que pode desencadear uma crise de ansiedade ou depressão?

A.V.: Segundo a minha experiência, as pessoas, em geral, não sabem bem o que querem. Isso leva a uma renovação dos desejos. Então, mesmo quando atingem o objetivo, não ficam satisfeitas e sempre buscam alguma coisa, mas esse ideal nunca se realiza. É o mal pós-moderno da insatisfação constante.

3.      Na sua opinião, 2016 foi um ano mais difícil do que os outros?

A.V.: Esse ano afetou mais as pessoas sim, principalmente por fatores externos como o desemprego e a crise econômica. A surpresa da demissão, por exemplo, afeta profundamente, porque a pessoa se sente desamparada, impotente e apreensiva de não manter o padrão de vida. Já o encerramento de negócios, por exemplo, é fator de risco para depressão e afeta a autoestima.

4.      Como lidar com a “crise de fim de ano”?

A.V.: Procurar ajuda profissional, pois cada tratamento é individualizado e dura entre seis meses e dois anos. Também ajuda manter uma atividade física regular, alimentação saudável, sono tranquilo, não se automedicar e evitar drogas e álcool.

5.      Qual a diferença entre depressão e tristeza? Quando procurar ajuda?

A.V.: A depressão é a tristeza que persiste, traz prejuízo para o trabalho, para as relações, podendo gerar insônia, perda de apetite e até crise de choro. Quando a tristeza não passar por um mês, é indicado buscar ajuda médica.

Sobre o Dr. Antônio Viola

Psiquiatra e psicanalista. Formado em medicina pela UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina, em 2008. Possui residência médica em psiquiatria no Hospital do Servidor Estadual de São Paulo (IAMSPE), além de formação em psicanálise para psicoterapeutas no Centro de Estudos Paulista. Atende em consultório em São Paulo, na Vila Mariana. www.drantonioviola.com.