Rádios offline são futuro do streaming de música
Em entrevista, sócio-diretor da Antena 1 Maurício Negrão destaca qualidade da programação e gratuidade como diferenciais
Nem Spotify, nem iTunes Radio. O futuro do streaming de música está com as rádios tradicionais. Quem comenta as vantagens da modalidade é Maurício Negrão, sócio-diretor da Antena 1 (www.antena1.com), uma das primeiras a investir na transmissão via web. Com voz de locutor, ele fala, em entrevista, sobre o potencial das rádios na internet:
Quando vocês começaram a perceber que o streaming estava ganhando espaço?
Maurício Negrão: Há 15 anos. Nós fomos os primeiros a investir no streaming no Brasil. Hoje a audiência online da rádio corresponde a 40% do total e vem crescendo. No último mês, por exemplo, o aumento foi de 18%.
O público do streaming é o mesmo que das rádios offline?
MN: Sim e não. Temos ouvintes que sintonizam nas duas formas, mas buscamos novos mercados para o online. Por exemplo, habitantes de cidades mais afastadas do interior de São Paulo, regiões nas quais, em geral, os serviços de streaming a pagamento têm pouca adesão. Nesses municípios, chegamos para competir com as rádios locais.
O que as web rádios têm que falta nos serviços de streaming e vice-versa?
MN: Principalmente a qualidade e o calor humano. A programação das rádios é única e feita por uma equipe especializada, que se dedica 24 horas para isso. A figura do locutor permite a interação com o público e humaniza a transmissão. Há, ainda, o fator do custo zero de assinatura. Nos serviços de streaming há versões gratuitas, mas a sessão do usuário é interrompida a todo instante por propagandas. No caso da Antena 1, são 56 minutos de música direto, com o mínimo de publicidade. Dessa forma, as propagandas não se sobrepõem às músicas.
Qual sua opinião sobre a possibilidade de personalização que os serviços de streaming oferecem, permitindo, por exemplo, que os usuários criem suas próprias playlists?
MN: A personalização tem seus limites. As pessoas buscam sugestões do que ouvir e não querem perder tempo criando suas próprias playlists. Fora que essas playlists podem se tornar repetitivas e desatualizadas em pouco tempo. Já o conteúdo das rádios está sempre se renovando. Toda a programação é estudada por profissionais diariamente e isso nenhum algoritmo supera.
A Apple está desenvolvendo um novo serviço, o Apple Beats, e um DJ da BBC 1 foi chamado para trabalhar a semelhança com rádios tradicionais, pensando na oferta regional. O que você pensa sobre isso?
MN: Acho que é mais uma tentativa de emplacar o streaming, não um real modelo de negócio. Os desenvolvedores talvez tenham enxergado o grande negócio que são as rádios tradicionais, por isso chamaram o DJ da BBC. As novidades em termos de escutar música vêm e vão, mas o rádio fica, seja online ou offline.
Qual o futuro da Antena 1?
MN: Continuaremos a produzir conteúdo de qualidade e a propor novas opções de ouvir música, investindo tanto no online quanto no offline. Hoje, uma das principais exigências do público é a qualidade do áudio. Por isso, planejamos oferecer um complemento em high quality para os ouvintes, em breve.
Sobre a Antena 1
Fundada em setembro de 1975, a Antena 1 foi a primeira rede de emissora FM do Brasil a operar de forma automática via satélite, com a mesma programação veiculada em tempo real, por 24 horas. Hoje, a empresa soma 20 emissoras e cinco milhões de ouvintes no Brasil e no mundo. Há cinco anos consecutivos é campeã na audiência online. Faz parte do Grupo Radio Antenna Uno, de Roma, na Itália. www.antena1.com.br. Tel.: (11) 3038-8000.