Mais de 300 mil professores brasileiros já utilizam dados para planejar suas aulas
Plataformas de tecnologia da educação fazem Brasil entrar na rota do planejamento educacional por evidências
A educação baseada em evidência já é realidade no Brasil. Nos últimos anos, startups de tecnologia da educação têm trabalhado no cruzamento e sistematização de dados educacionais que antes eram subutilizados e pouco acessíveis às escolas brasileiras.
A partir do cruzamento de dados que existem faz tempo, é possível criar novos indicadores com enorme valor para o planejamento de políticas educacionais e elaboração de intervenções pedagógicas. Os indicadores são disponibilizados em plataformas online de forma intuitiva para que professores, gestores e até mesmo governos responsáveis por políticas públicas tomem decisões fugindo de “achismos”.
As bases de dados utilizadas incluem o Censo Escolar, o Censo Populacional do IBGE e microdados de avaliações públicas, como Enem e Prova Brasil. Esse big data educacional favorece o diagnóstico preciso das instituições e redes de ensino, a tomada de decisões, a economia de recursos e saltos na aprendizagem dos alunos.
Uma das pioneiras na análise desses dados é a Tuneduc, startup de impacto social fundada pelos professores da Faculdade de Economia da USP (FEA/USP) Ricardo Madeira e Fernando Botelho. Em quatro anos de atuação, os insights e indicadores fornecidos em suas plataformas online já empoderaram mais de 300 mil professores de 8 mil escolas públicas e 5,5 milhões de alunos pelo Brasil.
Com projetos em parceria com as redes estaduais de São Paulo, Pará e Pernambuco, viabilizados com a colaboração do Itaú BB, Instituto Unibanco e Fundação Lemann, e soluções em mais de 600 escolas da rede privada, a Tuneduc tem proporcionado melhorias educacionais em diversos níveis: gestores públicos formatam políticas, materiais didáticos e avaliações mais assertivas a partir das fragilidades diagnosticadas na plataforma; unidades regionais visualizam facilmente as dificuldades das escolas administradas e coordenadores e professores, em sala de aula, têm relatórios personalizados com os dados de cada aluno, além de materiais e outras ferramentas de apoio.
"Todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem encontram informações relevantes nas plataformas: do secretário de educação ao professor que está dentro da sala de aula. A gestão por evidências é um caminho sem volta, que vai impactar muito o bom uso de recursos e o planejamento de políticas educacionais", afirma o professor Botelho, sócio-fundador da Tuneduc.
Tecnologia como impulsionadora do avanço na educação
Para capacitar os educadores no uso da tecnologia, secretarias de educação oferecem formações utilizando as plataformas de análise. Os participantes, por sua vez, multiplicam o conhecimento dentro das escolas, fomentando o uso de dados no dia a dia das instituições e tornando mais objetiva a adoção de novas práticas pedagógicas.
Já no contexto do espaço escolar, a educação baseada por evidências toma o papel de norteadora das atividades estratégicas e pedagógicas, possibilitando que as escolas descubram, por exemplo, os componentes curriculares que precisam ser reforçados no plano pedagógico. Com metas e objetivos planejados, é possível até simular o impacto que certas intervenções teriam no desempenho em vestibulares e no Enem.
Para os professores, o impacto é ainda mais surpreendente e promove uma renovação das práticas a partir de insights. Com a análise dos dados de avaliações, é possível investigar o desempenho de alunos ou turmas, listar habilidades e objetos do conhecimento prioritários e fomentar atividades focadas nos assuntos com maior defasagem em cada turma ou até por aluno, favorecendo o ensino personalizado.
"As escolas encontravam dificuldades para digerir os resultados das avaliações padronizadas e, portanto, fazer o planejamento pedagógico baseado nessas informações. Hoje, os educadores dessas redes sabem exatamente os conteúdos que precisam ser reforçados para que o aluno saia da escola melhor preparado", afirma o professor Madeira, pesquisador da USP e sócio-fundador da startup. "Ainda há muito o que avançar na educação brasileira. Os dados são cruciais porque guiam o percurso e mostram se estamos na direção certa".
Texto elaborado e de responsabilidade da Tuneduc